Palmeira recebe pedido de tombamento da gengibirra como patrimônio cultural imaterial

Palmeira recebe pedido de tombamento da gengibirra como patrimônio cultural imaterial

Publicado em: 21 mar, 2019 às 13:50

Nesta quarta-feira (20) Palmeira deu um passo a mais para ter o tombamento de seu terceiro patrimônio cultural imaterial. Foi através dos empresários Nilo Cini Júnior e Orlando Cini Júnior, que estiveram no Palácio da Viscondessa Querubina Rosa Marcondes de Sá, sede da Prefeitura da Palmeira, e protocolaram o pedido de tombamento da gengibirra.
A gengibirra é uma bebida que tem o gengibre como seu principal ingrediente e que tem sua história enraizada em Palmeira. Tudo começou em 1890, com Egizio Cini, imigrante italiano anarquista e idealista que veio para o Brasil para participar da Colônia Cecília.
Mesmo após o fim da experiência anárquica, Egizio permaneceu em Palmeira e se dedicou à produção de bebidas, mas sua empresa, a Cini Bebidas, só foi registrada em 1904, pelo seu filho Hugo. Desde aquela época, Egizio já fabricava a gengibirra em casa, como destacou Nilo Cini Junior, membro da quarta geração da família no Brasil: “Ele costumava produzir Gengibirra em casa para beber com a família nos fins de semana”.
Para revelar aos palmeirenses o pedido de tombamento de uma das bebidas mais adoradas e consumidas no município, uma coletiva de imprensa foi realizada e contou com a presença do prefeito Edir Havechaki, do secretário de Cultura, Patrimônio Histórico, Turismo e Relações Públicas, Waldir Joanassi Filho, da presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Palmeira, Vera Lúcia de Oliveira Mayer, e dos empresários da Cini Bebidas.
Havrechaki destacou a importância histórica da gengibirra para o município. “Temos muito orgulho da história da gengibirra em Palmeira, de o seu Egizio Cini ter vindo para cá e iniciado a fábrica Cini em nosso município, tudo isso aliado a importância da Colônia Cecília. É impossível tomar um gole de gengibirra e não ser remetido ao passado, lembrar de almoços em família e tantos outros momentos especiais que vivemos acompanhados por uma gengibirra”, disse.
Joanassi falou sobre a importância histórica da bebida introduzida na época do anarquismo nos lares palmeirenses. “É uma bebida que preserva até hoje a receita e os laços daqueles que a introduziram no Brasil ainda no século 19, e isso por si só já reforça sua importância histórica. É uma bebida que tem seu sucesso e história ligados com nosso município, e nada mais justo que tombá-la como nosso patrimônio cultural imaterial”, comentou.
O secretário também revelou que “o pedido de tombamento realizado nesta quarta-feira dá o ponta pé inicial para as comemorações de 200 anos do município de Palmeira, que será comemorado em 7 de abril”.
Quanto as comemorações do bicentenário de Palmeira, Nilo revelou que a empresa irá preparar uma ação especial. “Estamos estudando a possibilidade de realizar uma edição especial para os 200 anos do município, com rótulo e características que remetem à história que temos em Palmeira”, revelou.

Receita mantida
Orlando Cini Júnior contou que a produção da gengibirra continua semelhante há mais de 80 anos. “Ela é muito rigorosa e praticamente artesanal. A bebida leva mais de um ano para poder ser consumida. A duração demorada do processo de produção se deve às condições específicas que circundam desde a colheita do gengibre até a bebida ser engarrafada, já que é necessário respeitar a sazonalidade da planta que, após ser colhida passa por um longo processo para extração do gengirol, a substância que dá o sabor à bebida”, revelou.
Homenagem
No documento protocolado pela Cini, a empresa destaca que “nestas condições e neste momento em que o Município de Palmeira completa 200 anos, a Família Cini presta sua justa homenagem as suas origens e solicita palpável reconhecimento da cidade para que a bebida seja tombada como Patrimônio Imaterial Cultural de Palmeira.
Portanto, mesmo com a gengibirra tendo se tornado bebida conhecida em todo o estado do Paraná e a centenária Cini estar sediada em Pinhais, a bebida, a empresa e a família possuem suas raízes em Palmeira. Somado a isso o fator da bebida preservar até hoje a receita e os laços familiares daqueles que a introduziram no Brasil ainda no século XIX, reforçam sua importância histórica. E mais, como a família Cini, na figura do pioneiro Egizio Cini está ligada à memória cultural e ao imaginário anarquista da Colônia Cecília”.

Fotos: Daymon Grocheviski/Prefeitura de Palmeira.